2ª Conferência de Meio Ambiente debate problemas do lixo, em Barueri
2ª Conferência de Meio Ambiente debate problemas do lixo, em Barueri

2ª Conferência de Meio Ambiente debate problemas do lixo, em Barueri

Cerca de 150 pessoas participaram do evento. Propostas da região serão apresentadas em conferência estadual, a ser realizada em setembro, no Centro de Convenções Anhembi, em São Paulo.

A Câmara Municipal de Barueri sediou nos dias 16,17 e 18 de agosto a “2ª Conferência Regional de Meio Ambiente”. Prestigiaram o evento os prefeitos Jorge Lapas (PT, Osasco), Jaci Tadeu (PV, Itapevi), Chico Brito (PT, Embu das Artes), o deputado estadual Marcos Martins, vereadores, secretários de meio ambiente, representantes de empresas e a sociedade civil organizada de Barueri, Carapicuíba, Itapevi, Jandira, Osasco e Santana de Parnaíba.  Clique aqui e veja fotos do evento. Mesa Geral

A conferência teve como tema a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), com foco em quatro eixos: Produção e Consumo Sustentáveis; Redução dos Impactos Ambientais; Geração de Trabalho, Emprego e Renda; e Educação Ambiental.

Jorge Lapas_prefeito de OsascoNa abertura, o prefeito Jorge Lapas citou o empenho e a importância da criação de um Consórcio Intermunicipal, para o desenvolvimento de políticas públicas para a solução de problemas comuns entre as cidades da região. Lapas mencionou a Usina de Reciclagem de Entulho de Osasco (Ureosasco) que gera economia e ajuda na preservação do meio ambiente e comentou o primeiro contrato de Parceria Público-Privada (PPP) para a coleta de lixo e a construção de um aterro sanitário.

“Precisamos unir forças e estratégias para buscar alternativas sustentáveis relacionadas ao lixo. Parabenizo Carlos Marx, nosso secretário de Meio Ambiente, pelos bons projetos e resultados alcançados em nossa cidade”, destacou Lapas.

Prefeito de Itapevi_Jaci Tadeu“Para o desenvolvimento pleno de uma política pública de controle de resíduos sólidos é extremamente importante a participação popular e a participação dos empresários. Vamos desenvolver um diálogo produtivo sobre as soluções para o lixo. Senti falta da Sabesp, pois ela deveria estar presente nessa conferência” disse o prefeito Jaci Tadeu, que aproveitou para parabenizar aos organizadores pelo evento.

“A Sabesp deve coletar e tratar todo o esgoto. Também deve substituir a tubulação existente de amianto, que é cancerígeno e de difícil conserto. Mais de sessenta países aboliram o amianto. No Brasil apenas os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Mato Grosso o fizeram. O amianto nas tubulações compromete a qualidade da água”, falou o deputado estadual petista Marcos Martins.

Segundo Carlos Roberto Vieira da Silva Filho, advogado e diretor executivo da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE), o Brasil gerou, em 2003, 166 mil toneladas/dia de resíduos sólidos urbanos. Em 2013, gerou mais de 201 toneladas/dia. “Esse dado revela que a gestão do resíduo sólido deixou de ser uma questão de sustentabilidade e de meio ambiente, e passou a ser uma questão de sobrevivência. Muitas matérias-primas estão em estado de escassez. Muitos minérios poderão acabar em breve e um dos fatores que contribui para essa escassez é o baixo índice de reciclagem”, sublinhou.

Francisco Nascimento de Brito, sociólogo e prefeito de Embu das Artes, fez um relato das ações adotadas visando o desenvolvimento da cidade. Citou exemplos de como os municípios da região podem participar das discussões do Subcomitê da Bacia Hidrográfica Alto Tietê/Pinheiros-Pirapora, questionou sobre quais formas os municípios do subcomitê pretendem tratar a gestão dos resíduos sólidos hoje e no futuro. “Precisamos pensar num modelo de desenvolvimento que considere três coisas: preservação ambiental, desenvolvimento econômico e justiça social. Isso é sinônimo de sustentabilidade. Há muitas soluções e uma delas é a organização das cidades em consórcios”, discorreu.

Plateia

O vereador Elvis Cezar, de Santana de Parnaíba, destacou o investimento em política educativa voltada ao meio ambiente e apresentou dados sobre saneamento básico. “Em minha cidade 50% do esgoto é coletado e apenas 5% dele é tratado. De acordo com pesquisas, 80% das doenças na cidade são causadas pela falta de saneamento básico. A meta para nossa região é desenvolver mecanismos onde possamos produzir o menor número possível de resíduos”.

Em nome do prefeito Geraldo Teotônio (PV, Jandira), o secretário Joaquim Aparecido Rodrigues, parabenizou aos organizadores e disse que a construção do amanhã exige novas atitudes de cidadania e mudança de comportamento. “O meio ambiente é o tema principal dos projetos de nossa cidade. A gente tem que cuidar do lixo porque tudo o que consumimos vem de recursos da natureza e por isso precisamos conscientizar a população”, destacou.

A primeira noite do evento foi encerrada com a discussão do regimento interno e da programação das atividades, feitas pela advogada Claudete Pereira Michelassi, assessora da Sema Osasco, coordenadora executiva da conferência. A advogada Flávia de Souza participou do evento representando o vereador Claudio da Locadora (PV, Osasco).

14 manifestantes

Um grupo de manifestantes conduzido pelo Sintraema (Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo) exibiu faixas contrárias à instalação de usina de incineração de lixo na Aldeia de Barueri.

Palestras marcam segundo dia da conferência

18 palestrante Monica Borba O segundo dia foi aberto com apresentação teatral. Na programação palestras com os eixos temáticos da conferência. A educadora e gestora do Instituto 5 Elementos, Mônica Pilz Borba, abordou os temas “Educação Ambiental” e  “Produção e Consumo Sustentáveis” destacando a gestão compartilhada entre os municípios. Falou dos trabalhos realizados no Subcomitê Pinheiros-Pirapora (SCPP), citou a gestão de resíduos sólidos e a aprovação da PNRS após 20 anos de discussão, consumo sustentável e consumismo, pegada ecológica e mudanças climáticas.

“A maior questão do resíduo é a redução e reutilização. Precisamos nos tornar e formar cidadãos mais conscientes quanto à redução dos nossos impactos no meio ambiente. Precisamos repensar o modelo de desenvolvimento econômico que queremos. Precisamos aprender a recusar o apelo da mídia que é ‘pra ser feliz você precisa consumir’. Temos de valorizar a reciclagem e os catadores. Precisamos gerir urgentemente, e muito bem, os resíduos perigosos que impactam muito mais o meio ambiente”, finalizou Borba.

O arquiteto e urbanista Tarcísio de Paula Pinto, também mestre em Arquitetura e Planejamento e doutor em Engenharia, discorreu sobre a PNRS com foco nas soluções e nos planos de gestão de resíduos (domiciliares e serviços de saúde). Falou ainda sobre os avanços recentes na gestão de resíduos sólidos na construção urbana e apresentou algumas das últimas experiências no setor. “O aterramento dos resíduos sólidos, agora, é ilegal. É preciso um manejo diferenciado do resíduo seco e do orgânico”, disse.

José Ricardo Lopes, técnico do Programa Município Verde e Azul, da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, resumiu o projeto comentando o papel dos planos municipais de gestão integrada de resíduos sólidos. “O Programa estimula ações ambientais locais e avalia o desempenho dos municípios do estado, ano a ano. A maioria dos planos é péssima, e o que é pior, os consultores sequer fazem um diagnóstico ou conhecem a cidade. Penso que toda secretaria de Meio Ambiente deve saber o destino final dos resíduos gerados e saber como anda a coleta de resíduos”, falou.

O historiador e educador do Instituto Ecoar para Cidadania, Fábio Luiz Cardozo, discorreu sobre “Geração de Emprego, Trabalho e Renda” com foco na necessidade de políticas mais avançadas de coleta seletiva. “O catador ganha em média menos de um salário mínimo por mês e boa parte das instalações das cooperativas no Brasil nem banheiro têm para os cooperados. É preciso reconhecer o catador como um prestador de serviço de limpeza pública”, falou.

Apresentacoes artisticas durante o evento

Fábio Cardozo citou o Programa Coleta Seletiva Solidária (PCSS) que utiliza como recurso metodológico o planejamento participativo, a educação ambiental e o controle social, tendo como perspectiva a implantação de programas municipais de coleta seletiva. Citou o Programa Cataforte 3, que visa a estruturação de redes de cooperativas e associações para que estas redes solidárias se tornem aptas a prestar serviços de coleta seletiva para prefeituras, participar no mercado de logística reversa e realizar conjuntamente a comercialização e o beneficiamento de produtos recicláveis.

Após as palestras os participantes dividiram-se em Grupos de Trabalho (GTs) por eixo temático, para a elaboração de propostas de ações prioritárias. Na oportunidade, foram realizadas inscrições das candidaturas para a conferência estadual de Meio Ambiente, prevista para os dias 20, 21 e 22 de setembro, no Centro de Convenções Anhembi. Grupo da Escola de Teatro de Itapevi realizou apresentou muito aplaudida, no final.

Propostas da conferência regional

A manhã do último dia da conferência iniciou-se com a plenária onde ocorreu a leitura e defesas das propostas, apresentação e eleição dos delegados. A seguir as cinco propostas aprovadas por eixo temático.

Eixo 1: Produção e Consumo Sustentáveis: Disseminação do conhecimento apropriado por aqueles que o detêm traduzindo para uma linguagem popular; Fortalecimento da gestão integrada dos resíduos sólidos; Formação de professores e coordenadores pedagógicos para a adoção de práticas de consumo sustentável no âmbito escolar; Plano de comunicação para a mídia nacional;  e Investimento em tecnologias verdes para o setor empresarial com meta de redução do uso dos recursos naturais, visando alta durabilidade dos produtos.

Eixo 2: Redução de Impactos Ambientais: Garantir que 10% (dez por cento) do lixo reciclável seja direcionado para os catadores através de lei e garantir remuneração para os colaboradores; Que os municípios implantem projetos de incentivo a compostagem domiciliar e organizem programa especial de coleta de resíduos hortifruti em feiras e supermercados para que seja direcionado para compostagem beneficiando a agricultura urbana; Mudanças na redação da lei 12.305/2010 de modo a impedir que resíduos recicláveis possam ser incinerados para recuperação de energia; Criação de um “Conselho Regional para o Controle Social da Gestão de Resíduos Sólidos e Coleta Seletiva” que fiscalizem o poder público para o comprimento das leis; e   Central de Reciclagem de Resíduos Eletroeletrônicos por meio de consórcios intermunicipais sob o controle das cooperativas de coleta seletiva.

Eixo 3: Geração de Emprego, Trabalho e Renda: Alterar a denominação de catador para “Prestador de Serviço de Limpeza Pública”; Remuneração dos municípios aos catadores de materiais recicláveis pelo serviço de coleta seletiva; Obrigar o poder público quanto a instituir a coleta seletiva de resíduos secos (recicláveis) e dos resíduos orgânicos; Dar efetiva prioridade ao trabalho das cooperativas e associações de catadores de materiais recicláveis em detrimento de planta de incineração de resíduos; e Pagamento aos catadores por serviços de educação ambiental.

Eixo 4: Educação Ambiental: Integrar as ações realizadas pela Vigilância Sanitária com as ações educativas da Secretaria de Meio Ambiente; Priorizar as ações locais dentro dos municípios (bairros), integrando todos os setores do poder público, as empresas e as cooperativas; Vincular o financiamento de apoio a cooperativas com a criação de núcleos de educação ambiental comunitária; Fortalecer a formação e capacitação de educadores ambientais, formais e não formais;  e Nos financiamentos direcionados a resíduos sólidos, estabelecer um percentual para programas permanentes de educação ambiental.

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A seguir, foram definidos os delegados inscritos para a conferência por setor. Segmento “Setor Público” com 9 participantes: Osasco (municipal e estadual), Carapicuíba (municipal), Barueri (municipal e estadual), Itapevi (municipal e estadual), Jandira (municipal) e Santana de Parnaíba (municipal).

Segmento “Empresa” com 6 participantes: Editora Tribuna de Barueri, Foxx, RESINAC, Kowales Eventos, Tina Glória e RR. Serralheria Comércio de Ferro e Ferragens.

A “Sociedade civil” com 21 participantes é o segmento com maior número de representantes: Osasco – EDMAC; Barueri – Cáritas; Barueri – CEFAP; Barueri – Fênix; Carapicuíba – Frente Popular das Favelas; Estado SP – Sindicato dos Professores e Funcionários Públicos; Barueri – Movieco; Fenatest; José Sales de Oliveira (ativista); Santana de Parnaíba – AVEMARE; Barueri – Sind. Extração de Minério; Jandira – Gilson Rodrigues de Souza (ativista); Sintaema; Barueri – cooperativa Unindo Força; Osasco – CPMAO; Barueri – Djanira Vicência Santos Alves (ativista); Osasco – Patrícia Coutinho Pessini (ativista); Itapevi – CMR; Sindicato de Osasco e Região – SECOR; Assembleia Popular de Osasco e Região;  e Barueri – Cooperyara.

O evento foi encerrado com apresentação de desfile de Moda Ecológica por membros da AVEMARE.

Informações: Sema Osasco no (11) 3652-9511 / sema@osasco.sp.gov.br. Saiba mais sobre a 4ª CNMA em www.conferenciameioambiente.gov.br

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