Gilberto Natalini: ‘O PV é um partido simpático. Nós podemos surpreender’
Gilberto Natalini: ‘O PV é um partido simpático. Nós podemos surpreender’

Gilberto Natalini: ‘O PV é um partido simpático. Nós podemos surpreender’

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Por Fabio Dorneles, Página ZeroNa quarta-feira, 12, o vereador paulistano e pré-candidato ao governo do Estado de São Paulo pelo Partido Verde (PV), Gilberto Natalini, esteve na redação do jornal Página Zero para uma entrevista. Acompanhado do vereador osasquense Claudio da Locadora e do secretário do Meio Ambiente da Prefeitura de Osasco, Carlos Marx, o médico cirurgião, pai de dois filhos falou sobre propostas de governo, sobre as dificuldades de conciliar preservação do Meio Ambiente com desenvolvimento e sobre a proximidade do partido com a ex-senadora Marina Silva.

Página Zero: O PV é um partido da moda ou é um partido que é visto ideologicamente como um defensor do Meio Ambiente?

 

Gilberto Natalini é pré-candidato do PV ao governo de São Paulo: “nós não somos ecochatos”
Gilberto Natalini é pré-candidato do PV ao governo de São Paulo: “nós não somos ecochatos”

 

Gilberto Natalini: Acho que o povo descobriu o Partido Verde. O PV existe há muitos anos, vai completar 30 anos. Mas naquela época não era moda, você era visto como uma coisa estranha, um ET, um visionário; quem falava do meio ambiente eram os caras chatos, que ficavam pegando no pé. Hoje a vida caminhou de um jeito que o meio ambiente está no centro político do mundo, da ONU, das grandes conferências mundiais, do clima, dos governos. Não é o PV que caminhou para a moda, a realidade é que veio de encontro com as ideias do PV.

PZ: E como está a expectativa de vocês?

GN: Há uma pesquisa que mostra que o PV é o partido mais simpático, que tem a maior empatia com aqueles que responderam à pergunta. Nós podemos ser a opção para muita gente porque somos um carro rodado, ele não é novo, são 30 anos, mas a carroceria não tem um risquinho moral sequer. Todos os risquinhos morais que o PV teve, soube colocar para fora. Pode olhar, está transparente.

PZ: E como será a configuração do PV nestas eleições?

GN: Temos uma pré-candidatura do vereador Cláudio da Locadora à Assembleia Legislativa por Osasco; temos a pré-candidatura do Eduardo Jorge à presidência da República e a minha ao governo do Estado. Há ainda um nome para o senado, que é o do índio Kaká Werá.

PZ: E qual o ideário do partido?

GN: O ideário do PV é o ideário que as pessoas têm: falta d’água, enchentes, falta de chuva, 50 milhões de raios no país, desmatamento. Nós vamos unir essa limpeza moral que o partido tem e que eu tenho na minha vida pública – graças a Deus – e vamos pegar as três bandeiras que eu estou defendendo dentro do partido para tentar essa eleição.

PZ: E quais são essas bandeiras?

GN: Olha, em defesa da democracia – da verdadeira democracia – em defesa da natureza e da vida e em defesa da ética na política. Essas três grandes bandeiras é que nós vamos levar.

PZ: Apesar da grandeza do PV, como você responde àqueles que afirmam que a sua candidatura serviria a uma negociação com outros partidos?

GN: Eu respondo com a minha história de vida. Eu não aceitaria jamais fazer o papel de auxiliar de ninguém. Se eu estou topando a empreitada é porque eu tenho, do PV, a garantia das direções de que não seremos uma linha auxiliar. O PV vai até fazer acordos políticos, mas isso é normal. A candidatura nossa é para valer, não é para inglês ver. Nós vamos reconhecer as coisas boas que os outros fazem e vamos descer o pau nas coisas ruins dos partidos A ou B.

Natalini (em primeiro plano) anunciou a pré-candidatura do vereador Cláudio da Locadora (ao centro) a deputado estadual, sob os olhares do dirigente Carlos Marx (à esq.) (Foto: Marco Infante)
Natalini (em primeiro plano) anunciou a pré-candidatura do vereador Cláudio da Locadora (ao centro) a deputado estadual, sob os olhares do dirigente Carlos Marx (à esq.) (Foto: Marco Infante)

PZ: E vocês vão costurar alianças políticas com o partido da ex-senadora Marina Silva?

GN O Eduardo Campos [governador de Pernambuco e pré-candidato à presidência da República pelo PSB] mandou um recado para nós do Partido Verde. Ele disse que caso o PV decidisse apoiar a candidatura do PSB e do Rede para Brasília, eles, com todas as suas correntes, e isso inclui a ex-senadora Marina Silva; a deputada Luiza Erundina, e, de certa forma, passa pelo Marcio França; viriam a São Paulo apoiar minha candidatura pelo PV. Para você ver que não é uma brincadeira.

PZ: O que o governo do Estado não tem feito em relação ao meio ambiente que vocês vão fazer?

GN: Nós temos uma lei de mudança climática na cidade de São Paulo que protege a biodiversidade, que controla a emissão de CO² e que protege os mananciais. O Estado também tem uma, mas não está cumprindo, temos que fazer cumprir. Vamos retomar todos os projetos. Atitudes ambientais que o Estado tem a obrigação, o PV vai fazer.

PZ: Mas como enfrentar os interesses financeiros, como o aeroporto que está sendo projetado em uma área de preservação, em Parelheiros?

GN: Nós somos contra…

PZ: Mas como enfrentar esse poderoso interesse financeiro?

GN: Desenvolvimento econômico nós queremos, sim! Mas se o PV chegar ao governo, nós não vamos permitir isso. As pessoas vão ter que diminuir o lucro um pouco e investir para não prejudicar o meio ambiente. Nós não queremos barrar o desenvolvimento, mas você não pode desenvolver a economia e a indústria à custa de poluir. Equilíbrio entre desenvolvimento econômico, desenvolvimento social e a proteção ambiental, é com esse tripé que o PV trabalha. É um equilíbrio dificílimo. Nós não abrimos mão, nós não somos ecochatos, nós passamos dessa fase antiga de guerrilheiro da ecologia; hoje nós somos um grupo organizado que defende tudo com consciência e economia.

PZ: Mobilidade urbana e segurança são grandes problemas hoje. O que você tem em mente?

GN:Estamos estudando bastante com gente bem competente. Na questão de mobilidade estamos centrando muito no transporte de massa sobre trilhos. Na Região Metropolitana não tem cabimento esse acanhamento institucional de trem e metrô. É atraso de vida o que foi feito nas últimas três, quatro décadas. Houve um boicote à colocação de transporte sobre trilhos.

Chegando ao poder, uma meta importante nossa é trabalhar isso. Por que não há um trem entre São Paulo e São Jose dos Campos, Campinas ou Taubaté? Tem alguma explicação?

PZ: Por conta do lobby da indústria automobilística?

GN: Exatamente, e é isso que o PV vai enfrentar. Tendo o governo na mão a gente enfrenta. Chama a montadora e diz: vocês vão fazer menos carros e vão fazer vagões de trem. Não precisa parar de trabalhar. O que não pode é porque a montadora quer vender seus carros para entupir as cidades, e o governo ficar refém de uma política anti-sustentável, que é a política do automóvel. Eu não sou contra o automóvel, mas a pessoa tem que usar o automóvel na medida certa. Automóvel é como um bom remédio, só que tem que ser usado na doença certa. Temos projetos para ônibus com combustíveis não poluentes, bicicletas e até projetos para as calçadas.

PZ: E para a segurança, qual é a proposta do senhor?

GN: Olha, não é minha área de atuação, mas nós estamos muito preocupados. A verdade é que o governo hoje é refém das ações do crime organizado. Rio de Janeiro é, Minas Gerais é, São Paulo é. E não é só nas metrópoles. O governador tem que ter a preocupação central dele no crime organizado, que manda nos presídios. Esse problema do crime organizado, do traáfico de drogas, do tráfico de armas são os grandes problemas que a gente tem.

Mas a polícia sozinha não dá jeito. E digo mais, o problema passa pela unificação das polícias. Elas disputam entre si. Tá na hora de discutir com seriedade a unificação das polícias com um comando só, sem disputa. É difícil? Sim, mas o governador não pode ter medo disso. Não tem cabimento gastar dois dinheiros para duas pessoas fazerem a mesma coisa.

PZ: Se eleito, o senhor vai manter as Organizações Sociais de Saúde (OSS) administrando hospitais?

GN: Sim, com certeza. Mas você tem que manter de forma moralizadora. Tem que ter um controle, se deixar solto pode virar baderna. A OSS faz 100% de atendimento SUS. Mas ela não pode receber dinheiro público para atender privado. Também não pode ser qualquer boca de porco funcionando como OSS, ela tem que ter expertise em saúde e respeitabilidade pública de décadas. Se não fossem as OSS, hoje o SUS já tinha quebrado.

Um comentário

  1. José Trindade Celis

    Parabéns ao Jornal Página Zero pela bela reportagem. Durante os últimos seis anos trabalhei neste veículo na área comercial. Agora vejo a entrevista com o vereador paulistano Gilberto Natalini do PV e postulante ao cargo de governador nas eleições de 05 de outubro. Fiquei muito feliz pelo destaque dado ao nobre parlamentar. Para nós do Partido Verde – onde estou há oito anos – foi uma grande honra ter essa divulgação esclarecedora aos leitores do Página Zero nesta região oeste da Grande SP. Agradecimentos ao pessoal da redação e ao publicitário e jornalista Marco Infante pelo oportunidade. Grande abraço

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