Como a comunicação de João Doria conquistou a Prefeitura de São Paulo
Como a comunicação de João Doria conquistou a Prefeitura de São Paulo

Como a comunicação de João Doria conquistou a Prefeitura de São Paulo

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Quando recebo um político como aluno no curso de oratória, já na primeira conversa faço uma provocação – afirmo que político é bandido, desonesto, mentiroso.

Alguns reagem com incredulidade, outros com surpresa, a maioria com bom-humor, pois sabem que um professor não faria esse tipo de crítica à classe política sem algum objetivo. Por isso, aguardam a explicação.

E eu explico que é essa a opinião de boa parte dos eleitores sobre os políticos. Assim, se quiserem ter alguma chance nos pleitos que irão participar, precisam usar a comunicação para afastar essa imagem negativa. Se os eleitores não acreditarem na mensagem do político, não teclarão seu número na urna eletrônica.

É a primeira lição. E a mais importante.

O que tudo isso tem a ver com a vitória de João Doria? É uma das explicações para que a sua campanha fosse vitoriosa. Doria usou toda sua competência e capacidade de comunicação para conquistar a credibilidade do eleitor. Além de adotar um programa com ênfase na gestão da administração pública, deu destaque a um dos maiores problemas da população de São Paulo, a saúde.

Sua capacidade de persuasão, entretanto, não se restringiu a essa propaganda política. Contou também com a sua competência para se comunicar, que lhe deu a credibilidade de que necessitava. Demonstrou um comportamento que transpirou sinceridade nos anúncios e nos debates. Aplicou as regras que todo político deveria aplicar. Vamos analisar quais são elas.

Regra 1 – Falar com naturalidade

Em nenhum momento Doria demonstrou artificialismo. Nunca se apresentou como se estivesse em cima de um palanque. Falava nos debates e nas emissoras de rádio e televisão como se conversasse de maneira animada com pessoas conhecidas. Essa espontaneidade foi o primeiro passo para a conquista da confiança.

Regra 2 – Falar com envolvimento

Sem exagero, Doria se apresentou sempre com energia, disposição e muito entusiasmo. Essa conjugação da naturalidade com a emoção foi fundamental para que os eleitores percebessem interesse verdadeiro nas propostas que fazia para melhorar o bem-estar da população paulistana.

Regra 3 – Demonstrar conhecimento

Para todas as questões levantadas, Doria tinha uma resposta apropriada, correta, abrangente. Por outro lado, não bastaria apenas conhecer os assuntos, era necessário demonstrar esse conhecimento. E essa demonstração de conhecimento foi transmitida pela sua excelente capacidade de se comunicar.

Sua desenvoltura, especialmente diante das câmeras, fazia com que os eleitores notassem experiência, domínio das matérias que tratava. Ora, alguém que demonstra domínio sobre o que diz, é porque possui conhecimento. Se possui conhecimento, tem autoridade sobre o tema. Se tem autoridade sobre os assuntos que discute, tem, naturalmente, credibilidade.

Regra 4 – Apresentar coerência

Doria falou e demonstrou que suas atitudes (como gestor, trabalhador, administrador) davam respaldo às suas palavras. Essa coerência entre as palavras e as atitudes é um dos requisitos mais importantes para a conquista da credibilidade.

A aplicação correta dessas quatro regras da comunicação, mais a tranquilidade para neutralizar os ataques dos adversários durante os debates seduziu o eleitorado, que viu na sua postura o candidato que desejavam para governar a cidade de São Paulo.

Qualquer um que se dedique ao aprimoramento dessas quatro regras, seja na vida política, no relacionamento social ou na vida corporativa, ampliará suas chances de fazer com que seus pleitos sejam vitoriosos. Uma empreitada que só dará resultados positivos.

Superdicas da semana

– Você pode até errar na técnica, mas nunca deixar de ser natural para falar em público

– Não fale apenas por obrigação, demonstre envolvimento pelo assunto que expuser

– Não basta apenas ter conhecimento, demonstre esse saber pela forma desembaraçada como se expressa

– Faça com que suas atitudes deem respaldo ao seu discurso

Livros de minha autoria que ajudam a refletir sobre esse tema: “29 Minutos para Falar Bem em Público”, publicado pela Editora Sextante, e “Assim é que se Fala”, “Oratória para advogados”, “Conquistar e Influenciar para se Dar Bem com as Pessoas”, “As Melhores Decisões não Seguem a Maioria” e “Como Falar Corretamente e sem Inibições”, publicados pela Editora Saraiva.

Fonte: UOL

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