Artigo: Os desafios das metrópoles
Artigo: Os desafios das metrópoles

Artigo: Os desafios das metrópoles

Cidades resilientes

Mas não podemos perder o senso de urgência. Na mesma cidade da Virada Sustentável, moram mais de 10 milhões de pessoas; na região metropolitana, cerca de 20 milhões.

Ricardo Young

Domingo comemorou-se o Dia Mundial do Meio Ambiente, e a cidade de São Paulo foi brindada com a Virada Sustentável. Iniciativa mobilizadora, pedagógica, múltipla, bem-humorada e divertida, como o tema também deve ser.

Mas não podemos perder o senso de urgência. Na mesma cidade da Virada Sustentável, moram mais de 10 milhões de pessoas; na região metropolitana, cerca de 20 milhões.

Falar de meio ambiente sem abordar a questão crítica da sustentabilidade nas cidades é não trabalhar a questão da sustentabilidade para valer. É a partir dos conglomerados urbanos que emanarão as políticas e soluções para a crise socioambiental que vivemos.

Dois desafios se colocam para os grandes centros urbanos e para as cidades em geral.

O primeiro é um desenvolvimento urbano que esteja alinhado com as metas de redução das emissões e com os 12 princípios das cidades sustentáveis (Carta de Alborg).

O segundo é o esforço de adaptação dos aglomerados urbanos para os eventos climáticos extremos.

Apenas nesse quesito, em 2010, considerado o ano mais quente da história, foram bilhões de dólares gastos para mitigar os efeitos climáticos.

Ondas de calor na Rússia, inundações na Austrália e no Paquistão, seca na China. Em 2011, só nos EUA foram mais de mil tornados no meio-oeste do país, com centenas de vítimas fatais e US$ 9 bilhões de prejuízo. Sem falar dos milhões gastos até aqui com as catástrofes no Brasil.

Na questão de políticas urbanas, há que se colocar foco na construção civil e nas obras de projetos habitacionais do PAC, da Copa e da Olimpíada.

Estima-se que a construção seja responsável por 25% a 30% das emissões de CO2 (incluindo-se transporte), consome 40% da energia, 12% da água potável e um terço dos recursos naturais, segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambi ente.

Algumas cidades do mundo têm avançado em modernas legislações, permitindo espaços urbanos menos danosos para o ambiente, melhor qualidade de vida para seus cidadãos e infraestrutura apropriada para a absorção dos efeitos climáticos extremos.

Londres é um paradigma, e o Reino Unido lidera o grupo de quinze países que possuem legislações específicas para construção.

Na semana passada, realizou-se em Bonn o 2º Congresso Mundial em Cidades e Adaptação para Mudanças Climáticas, cujo tema foi “cidades resilientes”. Dentre os principais palestrantes, nenhum brasileiro.

Fico curioso. Algum prefeito brasileiro consciente do tema conseguiu desembaraçar-se da importantíssima agenda política nacional para inteirar-se do que o mundo anda discutindo para proteger e melhorar a vida de seus cidadãos nestes tempos turbulentos?

*Ricardo Young escreve às segundas-feiras na coluna Opinião da Folha de São Paulo.

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